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AS CRISES DO SISTEMA CAPITALISTA

31/07/2020 00:33
AS CRISES DO SISTEMA CAPITALISTA
 
A CRISE ATUAL DO CAPITALISMO QUE ESTAMOS VIVENCIANDO, E O QUE PRECISAMOS ENTENDER E APRENDER COM ELA
 
O Sistema Capitalista vem passando por uma crise terrível nos dias atuais. Não é uma simples recessão, como a maioria dos economistas (a serviço da burguesia) têm afirmado. Nem é  provocada pelo Coronavírus (COVID-19). Ela é uma crise cíclica do capitalismo, global e gigantesca. 
 
A quebra da economia mundial que está em curso não foi provocada pelo aparecimento do Coronavírus (COVID-19), mas a disseminação deste vírus em quase todos os países do mundo mascara, confunde e oculta a realidade que estamos vivendo, fazendo com que as pessoas pensem que tudo o que acontece é por causa da pandemia. 
 
Desde o início do século XIX a reprodução capitalista vem sendo sacudida, de maneira cíclica, por crises destruidoras, quebrando centenas de empresas, jogando no desemprego e na pobreza milhares de trabalhadores. 
O capitalismo é um modo de produção muito estranho, diferente de todos os outros que o antecederam. 
 
Tivemos, na história, grandes crises sociais que se davam por ESCASSEZ, por falta, falta de comida (fomes), ou de água (secas), falta de condições,etc..
 
Na sociedade Capitalista, as crises se dão POR EXCESSO. Excesso de  Mercadorias, excesso de Capitais, como nos fala a professora Virgínia Fontes do NIEP-MARX / UFF-RJ. 
 
“Excesso de centralização, excesso de concentração de capitais, o que faz com que os capitalistas, donos dos capitais, fortunas enormes, não consigam impor uma forma de lucratividade que NECESSITAM para se sobreporem na concorrência intercapitalista, o que, em dado momento, feito um castelo de cartas, uma parte dessa acumulação, que não é mais capaz de se aprofundar pela extração do sangue vivo do trabalho desaba, e quando desaba uma parte, todo o resto desaba, em conseqüência”. (FONTES, 03/07/2020)   
 
O que aconteceu? Mercadorias foram produzidas em excesso, geraram um excesso de CAPITAL que, de um momento para o outro, se torna IMPOTENTE. 
 
Os pátios das montadoras estão cheios de carros, caminhões, as prateleiras das lojas e dos supermercados estão atulhadas de uma profusão de mercadorias, que não tem saída, porque os consumidores, que são os próprios trabalhadores, já não possuem dinheiro para comprar. Porque seus salários são diminuídos pelos patrões capitalistas para auferirem maiores lucros. Apertaram tanto o cinto de seus futuros compradores, e agora, já não têm para quem vender seus excessos de mercadorias. É realmente uma coisa maluca, mas é assim O CAPITALISMO. Um tipo de sociedade anárquica, cruel, desumana, esquisita, fora de controle, que acumula capital de um lado e miséria do outro, sem possibilidades de organizar a sociedade de modo inteligente, de forma planificada, com objetivos e finalidades do interesse de todos, justamente porque a ideologia burguesa é individualista, egoísta, não admite perder dinheiro, mesmo que seja para salvar vidas. Isso somente poderá acontecer no SOCIALISMO, e é por isso que nós estamos decididos a construir uma nova sociedade em outras bases ECONÔMICAS, que é o SOCIALISMO. 
 
No momento em que estamos vivendo, ano de 2020, a economia capitalista mundial está se deteriorando, com uma grande quantidade de empresas industriais comerciais e bancárias sendo fechadas a nível global. 
 
Os números do PIB das maiores economias do mundo estão cada vez piores. A quantidade de empresas e empregos ameaçados é aterradora. O número de pedidos de seguro desemprego é aterradora. Pessoas desempregadas surgem em escala cada vez maior, Em 2008, que foi a maior crise depois de 1929, o número de empregos perdidos foi de 8,7 milhões. Na crise atual, esse número foi superado em apenas duas semanas. Segundo o jornal New York Times, a taxa de desemprego nos EUA era de 13%, a maior desde a Grande Depressão de 1929, em apenas 2 semanas. A expectativa do Secretário do Tesouro Americano é que o desemprego fique acima dos 20%, e que o PIB caia 38% no segundo trimestre de 2020.
 
O QUE SÃO ESSAS CRISES? POR QUE SE REPETEM? QUAIS AS CONTRADIÇÕES QUE LEVAM AO APARECIMENTO DESSAS CRISES DO SISTEMA CAPITALISTA?
 
As crises capitalistas são crises de SUPERPRODUÇÃO. Elas acontecem porque as mercadorias são produzidas em grande quantidade, se acumulam nas prateleiras, e não são vendidas porque os consumidores não têm dinheiro para comprar. As mercadorias entulham os depósitos. Centenas e milhares de empresas são fechadas, os trabalhadores são mandados embora, os pequenos produtores são arruinados. O comércio fica transtornado. Rompem-se as relações de crédito. As bolsas quebram. Espalha-se a quebradeira nas empresas industriais, comerciais e bancárias. Milhões de pessoas passam fome porque foi produzido muito alimento. Os pobres passam frio porque milhares de roupas e abrigos foram produzidos. Os trabalhadores não podem comprar bens de consumo, justamente porque eles foram produzidos em demasia. É uma contradição espantosa e escandalosa que é traduzida nas palavras do socialista utópico francês François Marie Charles Fourier, mais conhecido como Charles Fourier (1772-1837) “a abundância torna-se fonte de indigência e privações”. (Texto baseado em conhecimentos do Manual de Economia Política da Academia de Ciências da URSS, Capítulo XIV — As Crises Econômicas, de Ostrovitianov, 1959)
 
É o genial Karl Marx quem nos esclarece como as crises se formam.
 
“As relações burguesas de produção e de intercâmbio, as relações de propriedade burguesas, a sociedade burguesa moderna que desencadeou meios tão poderosos de produção e de intercâmbio, assemelha-se ao feiticeiro que já não consegue dominar as forças subterrâneas que invocara. De há decênios para cá, a história da indústria e do comércio é apenas a história da revolta das modernas forças produtivas contra as modernas relações de produção, contra as relações de propriedade que são as condições de vida da burguesia e da sua dominação. Basta mencionar as crises comerciais que, na sua recorrência periódica, põem em questão, cada vez mais ameaçadoramente, a existência de toda a sociedade burguesa. Nas crises comerciais é regularmente aniquilada uma grande parte não só dos produtos fabricados como  das forças produtivas já criadas. Nas crises irrompe uma epidemia social que teria parecido um contra-senso a todas as épocas anteriores — a epidemia da superprodução. A sociedade vê-se de repente transportada a um estado de momentânea barbárie; parece-lhe que uma fome, uma guerra de aniquilação universal lhe cortaram todos os meios de subsistência; a indústria, o comércio, parecem aniquilados. E porquê? Porque ela possui demasiada civilização, demasiados meios de vida, demasiada indústria, demasiado comércio. As forças produtivas que estão à sua disposição já não servem para promoção das relações de propriedade burguesas; pelo contrário, tornaram-se demasiado poderosas para estas relações, e são por elas tolhidas; e logo que triunfam deste tolhimento lançam na desordem toda a sociedade burguesa, põem em perigo a existência da propriedade burguesa. As relações burguesas tornaram-se demasiado estreitas para conterem a riqueza por elas gerada. — E como a burguesia supera as crises? De duas maneiras: Por um lado, pela aniquilação forçada de uma massa de forças produtivas; por outro lado, pela conquista de novos mercados e pela exploração mais profunda de antigos mercados. De que modo, então? Preparando crises mais extensas e mais poderosas, e diminuindo os meios de prevenir as crises”. (Manifesto do Partido Comunista, Karl Marx e Friedrich Engels) (MARX, 1848)
 
Na busca dos lucros, a burguesia vai produzindo mercadorias que são vendidas no comércio. Mas, para obter lucros e superlucros, a burguesia tem que explorar os seus operários, pagando-lhes um salário que é o mínimo necessário ao trabalhador para que não morra de fome. Chega um momento, em que as prateleiras do comércio estão superlotadas de milhares de mercadorias, que ali vão se amontoando, porque não há vendas nem consumo e não há mais espaço para guardar. Os trabalhadores não podem consumir as mercadorias fabricadas, porque não tem poder aquisitivo, porque seus salários são minguados para não diminuir o lucro dos capitalistas (uma contradição insolúvel). Com as prateleiras cheias de mercadorias, as lojas não fazem novos pedidos para as fábricas. Em conseqüência, as fábricas também ficam com seus estoques atulhados, não têm mais espaço onde colocar. A visão de automóveis estacionados lotando os pátios das indústrias tornou-se uma cena comum. São obrigadas a diminuir ou até ter que interromper a produção. Em conseqüência, com as fábricas paradas, a burguesia tem que demitir os seus trabalhadores, os quais vão aumentar os números de pobres e famintos. Cria-se um círculo vicioso difícil de conter, e a economia capitalista vai desabando. (Texto baseado em conhecimentos do Manual de Economia Política da Academia de Ciências da URSS, Capítulo XIV — As Crises Econômicas, de Ostrovitianov, 1959
 
A historiadora Virgínia Fontes, doutora em Filosofia pela Université de Paris X, Nanterre (1992), em entrevista nos explica o que é a: 
 
“[…] crise regular do capital, mais uma vez por superprodução, isto é, por excesso de extração de mais valor e de lucratividade do próprio capital. Há enormes massas de capital que encontram dificuldades para se valorizar na proporção faraônica que pretendem. Essas crises são recorrentes e vêm sendo a cada dia mais devastadoras para as populações e os trabalhadores, e resultam desgraçadamente da própria expansão do capitalismo”.  (FONTES, 22/04/2020)
 
“Entre 2008 e 2009 nos Estados Unidos, em 2012 na Europa, e ao longo desse período em muitos países (como no Brasil), os governos doaram bilhões para os capitalistas, mas sacrificaram pesadamente suas classes trabalhadoras. Salvaram os capitais para que eles avançassem com ainda maior ferocidade sobre os trabalhadores no mundo inteiro”. (FONTES, 22/04/2020)
 
“Antes de falar da crise sanitária, é preciso lembrar que já estávamos ingressando numa nova crise capitalista, de novo por superprodução de capitais, pois o enorme volume de capitais, sob forma de títulos ou de dinheiro, que precisam se valorizar, já estavam implodindo a vida social. Longe da falaciosa versão de que “vínhamos crescendo e o vírus pode atrapalhar”, apresentada por Trump e por Bolsonaro, a crise já estava em curso, e era anunciada pelos próprios economistas burgueses”.  (FONTES, 22/04/2020)
 
“No caso do Brasil, a crise iniciada em 2015 jamais foi superada, apesar de seus promotores – grande burguesia, seus acólitos políticos, pastores venais, militares e paramilitares, juízes a soldo –  usarem de enorme violência, retirando direitos de maneira brutal e lançando na precarização quase a metade dos trabalhadores, totalmente desprotegidos”. (FONTES, 22/04/2020)
 
E O QUE FAZ A BURGUESIA PARA SAIR DAS CRISES? 
 
A burguesia recorre às guerras, bombardeando, destruindo tudo o que foi construído. Para depois recomeçar a construir tudo do mesmo jeito. Ou, então, invadindo novos países, ou ainda, AUMENTANDO A EXPLORAÇÃO EM CIMA DOS TRABALHADORES.  
 
Essas crises não acontecem no Sistema Socialista. As crise são inevitáveis somente no capitalismo. Porque é no capitalismo que o trabalho é socializado, ou seja, a produção se realiza através de um grande exército de trabalhadores, coletivamente, é portanto uma produção social. Porém, os lucros de todo esse trabalho é dirigido para as mãos dos capitalistas, que é uma apropriação privada. No socialismo, tanto produção é social como a apropriação dos lucros é também social. No Socialismo desaparece essa contradição do capitalismo. Essa é uma das razões fundamentais para sairmos do sistema capitalista e adotarmos o socialismo. Porque a Contradição entre o caráter social da produção e a apropriação privada dos resultados da produção, dos lucros, É A CONTRADIÇÃO FUNDAMENTAL DO CAPITALISMO, e assim, passa a ser o fundamento das crises econômicas de superprodução e provocam a sua inevitabilidade. Não temos como reformar, humanizar o capitalismo, nem torná-lo bonzinho. Ele é um sistema cruel e desumano (o capitalismo foi criado para ser desta forma). Temos que desconstruí-lo, e construirmos o Socialismo.
 
Além, dessa contradição do capitalismo, esse sistema é também anárquico, ou seja, os proprietários dos meios de produção e dos capitais, produzem o que querem, como querem, o que dá mais lucros. No Socialismo, a produção econômica é planejada, para se produzir tudo o que todos necessitam, e não se produzir em demasia, para não se desperdiçar os recursos naturais.
 
Outra apresentação da contradição fundamental do Capitalismo é a oposição entre a organização da produção numa fábrica ou empresa em separado, onde o trabalho dos operários é muito bem organizado e subordinado á vontade do seu proprietário; e a anarquia da produção em um país, ou sociedade, o que exclui o desenvolvimento planificado da economia. 
 
Os patrões capitalistas estão sempre em busca de maiores lucros. Para tal, ampliam a produção, melhoram as técnicas de produção, compram novas máquinas, produzem muita mercadoria, para vender muito, e lançam essas mercadorias no mercado, em número cada vez maior.
 
Nesse sentido, temos a lei da tendência da baixa da taxa de lucro, que aparece por causa do aumento do capital constante (máquinas, aumento de salas, matérias primas, etc.). Para compensar essa tendência da taxa de lucro, os empresários começam a ampliar a produção e aumentar a quantidade de mercadorias. Desse modo, percebemos que é inerente ao capitalismo aumentar sempre a capacidade de produção.
 
Mas, com a ampliação também da massa de trabalhadores empobrecidos, a capacidade de gastar dinheiro para comprar mercadorias por parte dos trabalhadores, vai diminuindo. Assim, vemos que o aumento da produção do Sistema Capitalista vai, inevitavelmente, se chocar frente à capacidade de consumo cada vez menor dos trabalhadores. 
 
Ter lucros cada vez maiores, vai entrar em contradição com o aumento da produção, ou seja, a produção aumenta, em função dos interesses lucrativos dos empresários, mas a capacidade de compra dos trabalhadores diminui, às vezes até cessa. 
 
A crise representa o momento em que essa contradição aparece em uma forma aguda de superprodução de mercadorias que não encontram saída. 
 
O CARÁTER CÍCLICO DA REPRODUÇÃO CAPITALISTA
 
As crises capitalistas de superprodução repetem-se com determinados intervalos, de 8 a 12 anos. A inevitabilidade das crises é determinada pelas leis econômicas gerais do modo de produção capitalista, as quais atuam em todos os países que seguem o caminho de desenvolvimento capitalista. Ao mesmo tempo, o curso de cada crise, suas formas de manifestação e particularidades dependem também das condições concretas de desenvolvimento deste ou daquele país.
 
Já no fim do século XVIII e começo do século XIX, ocorreram na Inglaterra crises parciais de superprodução, que atingiram ramos isolados da indústria. A primeira crise industrial, que abarcou a economia do país em seu conjunto, desencadeou-se na Inglaterra em 1825. Em 1836 a crise começou na Inglaterra e depois estendeu-se aos Estados Unidos. A crise de 1847/1848, que abrangeu a Inglaterra, uma série de países do continente europeu e os Estados Unidos, já foi em essência uma crise mundial. A crise de 1857 atingiu os principais países da Europa e da América. Seguiram-se as crises de 1866, 1873, 1882 e 1890. A mais profunda foi a crise de 1873, que assinalou o começo da passagem do capitalismo pré-monopolista para o capitalismo monopolista. No século XX ocorreram crises em 1900/1903 (esta crise começou na Rússia, onde sua ação foi consideravelmente mais forte do que em qualquer outro país), em 1907, em 1920/1921, em 1929/1933, em 1937/1938, e depois da Segunda Guerra Mundial, nos Estados Unidos, em 1948/1949 e em 1953/1954. No fim de 1957, começou nos Estados Unidos uma nova crise. (OSTROVITIANOV, 1959)
 
ESTUDO DA CRISE CAPITALISTA DE 1873
 
A primeira grande crise aconteceu de 1873 a 1896, quando o sistema capitalista viveu um desregulamento, chamado de Grande Depressão, após a segunda fase da Revolução Industrial e suas inovações tecnológicas. A concentração de capitais e a ascensão dos monopólios levaram ao aumento da produção industrial e da industrialização pelo mundo. O enriquecimento de poucos capitalistas industriais ocasionou o empobrecimento de grande parcela da classe trabalhadora. As máquinas passaram a substituir a mão de obra humana. O número de desempregados cresceu acentuadamente; e os salários dos trabalhadores diminuíram. Desempregados e com baixos salários, não há consumidores. Muitos camponeses empobrecidos passaram a migrar para as cidades em busca de melhores condições de vida. Essa crise gerou um descompasso entre a superprodução de mercadorias nas indústrias e uma população de trabalhadores sem poder aquisitivo para consumir essas mercadorias. Ocorreram duas principais conseqüências na economia dos países industrializados: a primeira foi a falência das pequenas e médias empresas e a concentração do capital nas mãos de poucos capitalistas industriais. A segunda conseqüência da depressão foi a busca de mercados consumidores externos, ou seja, fora da Europa, nos continentes ainda não industrializados, como a Ásia e a África, o que deu início ao Neocolonialismo europeu, isto é, à partilha do continente asiático e africano pelas grandes potências industriais no século XIX. Era o avanço da exploração capitalista, da espoliação dos trabalhadores e dos recursos ambientais mundiais. (CARVALHO, 2020)
 
As crises são processos que atravessam a Formação do Capitalismo, em sua dimensão mundial, como podemos observar na avassaladora crise de 1929, e novamente em 1939 e 2008. Essas crises que se repetem são uma expressão de desajustes estruturantes intrínsecos a este sistema. Ou seja, as crises são uma condição estrutural do capitalismo como um sistema econômico. A existência de crises esporádicas seria constituinte de seu modo de ser e se organizar.
 
A CRISE CAPITALISTA DE 1929, E AS SUAS CONSEQUÊNCIAS PARA O MUNDO
 
Com o fim da Primeira Guerra Mundial, 1914-1918, alguns países europeus estavam com suas economias enfraquecidas, enquanto que os Estados Unidos cresciam cada vez mais, lucrando com a exportação de alimentos e produtos industrializados. A produção norte-americana teve um crescimento muito acelerado, principalmente entre os anos de 1918 e 1928. Era um cenário com muitos empregos, preço baixo, elevada produção na agricultura e a expansão do crédito que incentivava o consumismo desenfreado. Porém a Europa começou a se restabelecer, importando cada vez menos dos Estados Unidos. Agora a indústria norte-americana não tinha mais para quem vender a quantidade exacerbada de mercadorias, havendo mais produtos do que procura. Isso levou a diminuição do preço, queda da produção, e aumento do desemprego. Esses fatores provocaram a queda dos lucros e a paralisação do comércio, ocasionando a queda das ações da bolsa de valores, quebrando-a em seguida. A crise de 1929 se deu graças a superprodução, que não estava preparada para a falta de procura, e acabou com todas as mercadorias encalhadas. (JÚNIOR, 2013)
 
Muitos países sofreram com o fechamento de estabelecimentos bancários, comerciais, financeiros e industriais, que resultaram na demissão de milhares de trabalhadores. (JÚNIOR, 2013)
 
No Brasil, a crise atingiu o setor cafeeiro. Os EUA eram os maiores compradores do café brasileiro, e o Brasil passou a ter diminuição de suas exportações. Para que o produto não fosse desvalorizado, o governo brasileiro comprou e queimou toneladas de café, usando-o como combustível nas locomotivas, diminuindo a oferta e mantendo o preço do principal produto do país. (JÚNIOR, 2013)
 
No ano de 1933 os EUA pôs em prática o New Deal, que fazia com que o governo passasse a controlar os preços e a produção das indústrias e fazendas. Assim foi possível controlar a inflação e evitar que houvesse acúmulo de estoques. O Plano também inseria investimentos em obras públicas, como a melhoria das estradas, ferrovias, energia elétrica, entre outros. Era o Estado intervindo na economia na tentativa de evitar a sua desregulação. (JÚNIOR, 2013)
 
Segundo Eduardo Silveira Netto Nunes, Doutor em História Social na Universidade de São Paulo (USP) e professor na Universidade de Passo Fundo, a crise no coração da Bolsa de Valores de New York, em 1929, derivou de um crescimento robusto da produção dos Estados Unidos. A crise estava dando sinais até que “a orgia dos lucros estourou em 24 de outubro de 1929” com a queda de 50% nas cotações da Bolsa de Valores de New York; nos dias que sucederam, o “pânico” tomou conta de acionistas. Na “Quinta-Feira negra”, 29 de outubro, “16,4 milhões de ações foram postas à venda”, e, na falta de compradores, chegaram a perder 80% de seu valor, desencadeando uma série de falências, e perdas de patrimônio de pequenos, médios e grandes investidores. (COGGIOLA, 2009) As consequências foram dramáticas. Nos Estados Unidos, houve redução de 80% na produção de automóveis; entre 1930 e 1933 faliram 106.769 empresas (fora os bancos); o desemprego chegou a 25,2%; a renda nacional caiu de 87,4 bilhões em 1929 para 41,7 bilhões, e a massa salarial de 50 para 30 bilhões. No Mundo, o desemprego de 10 milhões em 1929 atingiu a cifra de 30 milhões, numa época em que os sistemas de seguridade social eram praticamente inexistentes; o comércio mundial desabou reduzindo-se a um terço de seu valor entre 1929 e 1933; a produção industrial caiu em 50% em certos países; as falências bancárias na Europa central não foram comuns, mas a atividade bancária sofreu muito. (NUNES, 2012)
 
É muito importante estudarmos a Crise de 1929 porque muitos estudiosos estão prevendo que a crise atual que estamos vivendo, em 2020, pode ser tão grande como a de 1929. Na crise atual que atravessamos, para termos uma ideia do seu estrago, nos Estados Unidos, a cifra dos desempregados alcançava, no dia 25 de abril de 2020, a cifra de mais de 26 milhões. 
 
‘’26 milhões de norte-americanos entraram com pedidos de auxílio-desemprego em fevereiro e março deste ano. O Escritório de Orçamento do Congresso dos EUA prevê que o desemprego aumentará em 3,8% no primeiro trimestre de 2020, chegará a 14% no segundo trimestre, 16% no terceiro trimestre e cairá para 10,1% até o final de 2021’’. (BRASIL 247, 27/04/2020)
 
Na crise de 2008, nos EUA, alcançou a cifra de 8,8 milhões e meio de trabalhadores desempregados. ‘’A taxa de desemprego dos EUA atingiu em julho a marca sazonalmente ajustada de 5,7 por cento — a maior em quatro anos —, de acordo com números divulgados no dia 1 de agosto pelo Birô de Estatísticas Trabalhistas dos EUA (Bureau of Labor Statistics, BLS, na sigla em inglês). O número de pessoas oficialmente desempregadas alcançou 8,8 milhões, superando em 1,6 milhões o do ano passado’’. (LANTIER, 2008) 
 
QUAIS LIÇÕES QUE TIRAMOS DE TODO ESTE ESTUDO, E DE TODA A OBSERVAÇÃO DA REALIDADE DO MUNDO CAPITALISTA? 
 
Lembramos que o CAPITAL, é uma relação SOCIAL. Ou seja, ele não existe na natureza. É produzido pelos homens, socialmente, por um exército de trabalhadores, em todo o mundo, trabalhando em conjunto, coletivamente. O CAPITAL, que é produzido por milhares de trabalhadores, é apropriado por um punhado de Capitalistas, OU SEJA, TORNA-SE PROPRIEDADE PRIVADA, de pouquíssimos homens que não trabalham, e que acumulam riquezas em cima da exploração do trabalho alheio. A classe dos Capitalistas, se apropriam tanto das riquezas naturais, como terras, águas, minérios, florestas, como se apropriam também da riqueza produzida por milhares de pessoas. Numa escala ascendente, os capitais assim formados e apropriados, vão se acumulando. E assim, se tornam fontes de novas aplicações e investimentos, que por sua vez, vão reproduzir mais Capital, sempre concentrado e acumulado em mãos privadas, que são a classe burguesa, proprietária dos meios de produção de riquezas. o que, na verdade, foi um roubo histórico, mas que é objeto de outro estudo. E, enquanto vivermos nesse regime de exploração, continuaremos, nós trabalhadores, a reproduzir esse infernal modelo de crises, e miséria, para nós, escravos de um capital que nós próprios criamos. Porém, em função de tudo o que foi exposto, essa concentração e acumulação de capitais, em dado momento, entra em crise, como já explicamos, excesso de mercadorias sem saída, se acumulam nos estoques, e vão produzindo o efeito contrário: mercadorias demais, encalhadas, que não são vendidas, passam a emperrar o movimento da circulação e produção de mercadorias, e o sistema entra em crise, como já estudamos. 
 
E A PARTIR DAÍ É QUE ACONTECE UMA GRANDE TRAGÉDIA, BEM MAIOR DO QUE A TRAGÉDIA DE EXPLORAÇÃO DAS CLASSES TRABALHADORAS, tragédia essa já amplamente conhecida por todos nós. Em função da crise, e por causa dela, primeiramente, os trabalhadores perdem seus empregos e caem na miséria, morrem de fome ou se viram através da criminalidade, que passa a aumentar, como forma de sobrevivência. Depois, as pequenas e médias empresas, e até grandes empresas, e bancos vão quebrando, e SENDO ENGOLIDAS POR EMPRESAS MAIORES, que já tem tanto dinheiro (capital) acumulado, que podem comprar as que foram à falência. Nessa sequência, o capital vai se acumulando e se concentrando mais, cada vez mais em poucas mãos, o Capital entra em crise, porque acumulou demais, centralizou demais, e DERRAMA A CRISE SOBRE A POPULAÇÃO, e em especial, sobre os trabalhadores. E essas crises são cada vez mais dramáticas. Garantir que o Capital continue dando LUCROS, custa muito caro às populações. Custa caríssimo, envolvendo inclusive a vida e a morte de milhões de pessoas em todo o mundo. 
 
Para termos uma idéia, obtivemos os dados da OXFAM, que é uma entidade ecumênica, a qual faz, todos os anos, um relatório sobre a desigualdade social. No seu relatório de JANEIRO DE 2020, portanto, antes da Pandemia do Coronavírus. Este relatório diz que existe 2.153 bilionários (DOIS MIL CENTO E CINQUENTA E TRÊS BILIONÁRIOS, EM DÓLARES) no mundo. Essas 2.153 pessoas tem uma riqueza MAIOR do que 4.600.000.000, ou escrito de outra maneira, 4.6 bilhões de pessoas. (OXFAM, 2020) O que é uma situação tremendamente IMPACTANTE, uma loucura, porque nós próprios, trabalhadores, é que permitimos isso com nossa preguiça de estudar, ou medo de lutar. Isso foi sendo feito, apesar das heróicas lutas dos trabalhadores, em todo o mundo, destacando o Primeiro de Maio de 1886, em Chicago, EUA, quando cinco operários foram enforcados unicamente por lutarem pelas oito horas de trabalho por dia, conquista que temos até hoje, mas que a burguesia procura retirar através de mecanismos diabólicos, como horas extras, bancos de horas, por exemplo. Aos poucos, através de uma luta tremenda, com muitas mortes, suores, lágrimas e sangue, a classe operária do mundo inteiro vai conquistando migalhas, penosamente, desde tempos, de maneira muito desigual, de um país para outro. 
 
Foi exatamente por isso que Marx nos alertou: “TRABALHADORES DO MUNDO INTEIRO, UNÍ-VOS”. Desde 1990, que a gente vem falando em crise, mas verdadeiramente, quem entra em crise são os trabalhadores, que nunca conseguem poupar para atravessar esses períodos de quebradeira. As empresas provocam mais desempregos, aumentam a concorrência entre os próprios trabalhadores, criaram e expandiram formas de contratações precarizadas. Recentemente, apareceram os TERCEIRIZADOS (após aprovação da PL 4330/2002) (LEITE, 2015), e os QUATERNALIZADOS (DA SILVA, 2011). Estamos vivendo a informatização, a transformação da mão de obra humana em mão de obra robotizada, controlada por Inteligência Artificial (quarta Revolução Industrial), e a precarização do trabalho. 
 
Foi feita uma CONTRA REFORMA DO ESTADO, de maneira a garantir um fluxo de recursos PÚBLICOS PARA AS CLASSES DOMINANTES, através de modificações (nas leis) no próprio Estado, desqualificando conquistas elaboradas, na Constituição, como as tais PPPs (Parcerias Público Privadas). Assistimos a crise de 2008/9 nos EUA, que compactou o mundo inteiro, com a introdução da chamada Uberização. 
 
Na grande crise Europeia de 2012/2013, tivemos a atuação conjunta, do BANCO MUNDIAL, o BANCO CENTRAL EUROPEU, a mais A PRÓPRIA UNIÃO EUROPEIA, que apertaram a garganta dos países, como Grécia, Itália, Portugal e Espanha, para obrigarem seus governos a imporem às suas populações condições de miséria, para assim garantir o lucro dos setores capitalistas fundamentais. E agora, estamos assistindo essa nova crise, lançando as populações em todo o mundo na miséria e numa vida de terríveis condições de sobrevivência, ao mesmo tempo que há uma aproximação entre Empresários, Partidos Políticos, e o Estado. E, quando tem que garantir o lucro dos Capitais, dane-se a população que vai ficar sem aposentadoria, sem assistência médica, sem Educação, sem água potável, sem isso, sem aquilo, o que representa, para as Classes Dominantes, um PROBLEMA SECUNDÁRIO. O ESTADO oferece algumas esmolas, como se fossem benfeitores, para evitar a explosão de rebeliões, revoltas, criminalidades. Porque, as classes trabalhadoras, devem continuar adestradas e imbecilizadas, a produzirem riquezas, porque sem elas, não haverá CAPITAL. Porém, os Trabalhadores, os quais produzem as riquezas, compartilham, cada vez menos, dessas riquezas. Processo ao qual devem dar, cada vez mais, SUAS VIDAS, SEU SUOR, SEU SANGUE E SEU TRABALHO para garantir a lucratividade do CAPITAL. (Texto escrito com informações retiradas do vídeo ”Crise do coronavírus ou crise do capitalismo?” da Historiadora e Professora Virgínia Fontes) (FONTES, 03/07/2020)
   
CONCLUSÃO
 
Nós, a enorme maioria de pessoas no mundo inteiro, trabalhadores e produtores de CAPITAIS, RIQUEZAS ACUMULADAS EM MÃOS ÁVIDAS, EGOÍSTAS E CRIMINOSAS, temos a tarefa de desconstruir historicamente o CAPITALISMO e construirmos em seu lugar, UMA NOVA SOCIEDADE ONDE NÃO HÁ CRISES, O SOCIALISMO, para que possamos viver do que nós mesmos produzimos, e a EXPLORAÇÃO DO HOMEM PELO HOMEM seja exterminada, para o benefício de toda a humanidade.
FRENTE ATIVISTAS DE ESQUERDA BRASIL
 
FRENTE ATIVISTAS DE ESQUERDA BRASILAS CRISES DO SISTEMA CAPITALISTA
 
A CRISE ATUAL DO CAPITALISMO QUE ESTAMOS VIVENCIANDO, E O QUE PRECISAMOS ENTENDER E APRENDER COM ELA
 
O Sistema Capitalista vem passando por uma crise terrível nos dias atuais. Não é uma simples recessão, como a maioria dos economistas (a serviço da burguesia) têm afirmado. Nem é  provocada pelo Coronavírus (COVID-19). Ela é uma crise cíclica do capitalismo, global e gigantesca. 
 
A quebra da economia mundial que está em curso não foi provocada pelo aparecimento do Coronavírus (COVID-19), mas a disseminação deste vírus em quase todos os países do mundo mascara, confunde e oculta a realidade que estamos vivendo, fazendo com que as pessoas pensem que tudo o que acontece é por causa da pandemia. 
 
Desde o início do século XIX a reprodução capitalista vem sendo sacudida, de maneira cíclica, por crises destruidoras, quebrando centenas de empresas, jogando no desemprego e na pobreza milhares de trabalhadores. 
O capitalismo é um modo de produção muito estranho, diferente de todos os outros que o antecederam. 
 
Tivemos, na história, grandes crises sociais que se davam por ESCASSEZ, por falta, falta de comida (fomes), ou de água (secas), falta de condições,etc..
 
Na sociedade Capitalista, as crises se dão POR EXCESSO. Excesso de  Mercadorias, excesso de Capitais, como nos fala a professora Virgínia Fontes do NIEP-MARX / UFF-RJ. 
 
“Excesso de centralização, excesso de concentração de capitais, o que faz com que os capitalistas, donos dos capitais, fortunas enormes, não consigam impor uma forma de lucratividade que NECESSITAM para se sobreporem na concorrência intercapitalista, o que, em dado momento, feito um castelo de cartas, uma parte dessa acumulação, que não é mais capaz de se aprofundar pela extração do sangue vivo do trabalho desaba, e quando desaba uma parte, todo o resto desaba, em conseqüência”. (FONTES, 03/07/2020)   
 
O que aconteceu? Mercadorias foram produzidas em excesso, geraram um excesso de CAPITAL que, de um momento para o outro, se torna IMPOTENTE. 
 
Os pátios das montadoras estão cheios de carros, caminhões, as prateleiras das lojas e dos supermercados estão atulhadas de uma profusão de mercadorias, que não tem saída, porque os consumidores, que são os próprios trabalhadores, já não possuem dinheiro para comprar. Porque seus salários são diminuídos pelos patrões capitalistas para auferirem maiores lucros. Apertaram tanto o cinto de seus futuros compradores, e agora, já não têm para quem vender seus excessos de mercadorias. É realmente uma coisa maluca, mas é assim O CAPITALISMO. Um tipo de sociedade anárquica, cruel, desumana, esquisita, fora de controle, que acumula capital de um lado e miséria do outro, sem possibilidades de organizar a sociedade de modo inteligente, de forma planificada, com objetivos e finalidades do interesse de todos, justamente porque a ideologia burguesa é individualista, egoísta, não admite perder dinheiro, mesmo que seja para salvar vidas. Isso somente poderá acontecer no SOCIALISMO, e é por isso que nós estamos decididos a construir uma nova sociedade em outras bases ECONÔMICAS, que é o SOCIALISMO. 
 
No momento em que estamos vivendo, ano de 2020, a economia capitalista mundial está se deteriorando, com uma grande quantidade de empresas industriais comerciais e bancárias sendo fechadas a nível global. 
 
Os números do PIB das maiores economias do mundo estão cada vez piores. A quantidade de empresas e empregos ameaçados é aterradora. O número de pedidos de seguro desemprego é aterradora. Pessoas desempregadas surgem em escala cada vez maior, Em 2008, que foi a maior crise depois de 1929, o número de empregos perdidos foi de 8,7 milhões. Na crise atual, esse número foi superado em apenas duas semanas. Segundo o jornal New York Times, a taxa de desemprego nos EUA era de 13%, a maior desde a Grande Depressão de 1929, em apenas 2 semanas. A expectativa do Secretário do Tesouro Americano é que o desemprego fique acima dos 20%, e que o PIB caia 38% no segundo trimestre de 2020.
 
O QUE SÃO ESSAS CRISES? POR QUE SE REPETEM? QUAIS AS CONTRADIÇÕES QUE LEVAM AO APARECIMENTO DESSAS CRISES DO SISTEMA CAPITALISTA?
 
As crises capitalistas são crises de SUPERPRODUÇÃO. Elas acontecem porque as mercadorias são produzidas em grande quantidade, se acumulam nas prateleiras, e não são vendidas porque os consumidores não têm dinheiro para comprar. As mercadorias entulham os depósitos. Centenas e milhares de empresas são fechadas, os trabalhadores são mandados embora, os pequenos produtores são arruinados. O comércio fica transtornado. Rompem-se as relações de crédito. As bolsas quebram. Espalha-se a quebradeira nas empresas industriais, comerciais e bancárias. Milhões de pessoas passam fome porque foi produzido muito alimento. Os pobres passam frio porque milhares de roupas e abrigos foram produzidos. Os trabalhadores não podem comprar bens de consumo, justamente porque eles foram produzidos em demasia. É uma contradição espantosa e escandalosa que é traduzida nas palavras do socialista utópico francês François Marie Charles Fourier, mais conhecido como Charles Fourier (1772-1837) “a abundância torna-se fonte de indigência e privações”. (Texto baseado em conhecimentos do Manual de Economia Política da Academia de Ciências da URSS, Capítulo XIV — As Crises Econômicas, de Ostrovitianov, 1959)
 
É o genial Karl Marx quem nos esclarece como as crises se formam.
 
“As relações burguesas de produção e de intercâmbio, as relações de propriedade burguesas, a sociedade burguesa moderna que desencadeou meios tão poderosos de produção e de intercâmbio, assemelha-se ao feiticeiro que já não consegue dominar as forças subterrâneas que invocara. De há decênios para cá, a história da indústria e do comércio é apenas a história da revolta das modernas forças produtivas contra as modernas relações de produção, contra as relações de propriedade que são as condições de vida da burguesia e da sua dominação. Basta mencionar as crises comerciais que, na sua recorrência periódica, põem em questão, cada vez mais ameaçadoramente, a existência de toda a sociedade burguesa. Nas crises comerciais é regularmente aniquilada uma grande parte não só dos produtos fabricados como  das forças produtivas já criadas. Nas crises irrompe uma epidemia social que teria parecido um contra-senso a todas as épocas anteriores — a epidemia da superprodução. A sociedade vê-se de repente transportada a um estado de momentânea barbárie; parece-lhe que uma fome, uma guerra de aniquilação universal lhe cortaram todos os meios de subsistência; a indústria, o comércio, parecem aniquilados. E porquê? Porque ela possui demasiada civilização, demasiados meios de vida, demasiada indústria, demasiado comércio. As forças produtivas que estão à sua disposição já não servem para promoção das relações de propriedade burguesas; pelo contrário, tornaram-se demasiado poderosas para estas relações, e são por elas tolhidas; e logo que triunfam deste tolhimento lançam na desordem toda a sociedade burguesa, põem em perigo a existência da propriedade burguesa. As relações burguesas tornaram-se demasiado estreitas para conterem a riqueza por elas gerada. — E como a burguesia supera as crises? De duas maneiras: Por um lado, pela aniquilação forçada de uma massa de forças produtivas; por outro lado, pela conquista de novos mercados e pela exploração mais profunda de antigos mercados. De que modo, então? Preparando crises mais extensas e mais poderosas, e diminuindo os meios de prevenir as crises”. (Manifesto do Partido Comunista, Karl Marx e Friedrich Engels) (MARX, 1848)
 
Na busca dos lucros, a burguesia vai produzindo mercadorias que são vendidas no comércio. Mas, para obter lucros e superlucros, a burguesia tem que explorar os seus operários, pagando-lhes um salário que é o mínimo necessário ao trabalhador para que não morra de fome. Chega um momento, em que as prateleiras do comércio estão superlotadas de milhares de mercadorias, que ali vão se amontoando, porque não há vendas nem consumo e não há mais espaço para guardar. Os trabalhadores não podem consumir as mercadorias fabricadas, porque não tem poder aquisitivo, porque seus salários são minguados para não diminuir o lucro dos capitalistas (uma contradição insolúvel). Com as prateleiras cheias de mercadorias, as lojas não fazem novos pedidos para as fábricas. Em conseqüência, as fábricas também ficam com seus estoques atulhados, não têm mais espaço onde colocar. A visão de automóveis estacionados lotando os pátios das indústrias tornou-se uma cena comum. São obrigadas a diminuir ou até ter que interromper a produção. Em conseqüência, com as fábricas paradas, a burguesia tem que demitir os seus trabalhadores, os quais vão aumentar os números de pobres e famintos. Cria-se um círculo vicioso difícil de conter, e a economia capitalista vai desabando. (Texto baseado em conhecimentos do Manual de Economia Política da Academia de Ciências da URSS, Capítulo XIV — As Crises Econômicas, de Ostrovitianov, 1959
 
A historiadora Virgínia Fontes, doutora em Filosofia pela Université de Paris X, Nanterre (1992), em entrevista nos explica o que é a: 
 
“[…] crise regular do capital, mais uma vez por superprodução, isto é, por excesso de extração de mais valor e de lucratividade do próprio capital. Há enormes massas de capital que encontram dificuldades para se valorizar na proporção faraônica que pretendem. Essas crises são recorrentes e vêm sendo a cada dia mais devastadoras para as populações e os trabalhadores, e resultam desgraçadamente da própria expansão do capitalismo”.  (FONTES, 22/04/2020)
 
“Entre 2008 e 2009 nos Estados Unidos, em 2012 na Europa, e ao longo desse período em muitos países (como no Brasil), os governos doaram bilhões para os capitalistas, mas sacrificaram pesadamente suas classes trabalhadoras. Salvaram os capitais para que eles avançassem com ainda maior ferocidade sobre os trabalhadores no mundo inteiro”. (FONTES, 22/04/2020)
 
“Antes de falar da crise sanitária, é preciso lembrar que já estávamos ingressando numa nova crise capitalista, de novo por superprodução de capitais, pois o enorme volume de capitais, sob forma de títulos ou de dinheiro, que precisam se valorizar, já estavam implodindo a vida social. Longe da falaciosa versão de que “vínhamos crescendo e o vírus pode atrapalhar”, apresentada por Trump e por Bolsonaro, a crise já estava em curso, e era anunciada pelos próprios economistas burgueses”.  (FONTES, 22/04/2020)
 
“No caso do Brasil, a crise iniciada em 2015 jamais foi superada, apesar de seus promotores – grande burguesia, seus acólitos políticos, pastores venais, militares e paramilitares, juízes a soldo –  usarem de enorme violência, retirando direitos de maneira brutal e lançando na precarização quase a metade dos trabalhadores, totalmente desprotegidos”. (FONTES, 22/04/2020)
 
E O QUE FAZ A BURGUESIA PARA SAIR DAS CRISES? 
 
A burguesia recorre às guerras, bombardeando, destruindo tudo o que foi construído. Para depois recomeçar a construir tudo do mesmo jeito. Ou, então, invadindo novos países, ou ainda, AUMENTANDO A EXPLORAÇÃO EM CIMA DOS TRABALHADORES.  
 
Essas crises não acontecem no Sistema Socialista. As crise são inevitáveis somente no capitalismo. Porque é no capitalismo que o trabalho é socializado, ou seja, a produção se realiza através de um grande exército de trabalhadores, coletivamente, é portanto uma produção social. Porém, os lucros de todo esse trabalho é dirigido para as mãos dos capitalistas, que é uma apropriação privada. No socialismo, tanto produção é social como a apropriação dos lucros é também social. No Socialismo desaparece essa contradição do capitalismo. Essa é uma das razões fundamentais para sairmos do sistema capitalista e adotarmos o socialismo. Porque a Contradição entre o caráter social da produção e a apropriação privada dos resultados da produção, dos lucros, É A CONTRADIÇÃO FUNDAMENTAL DO CAPITALISMO, e assim, passa a ser o fundamento das crises econômicas de superprodução e provocam a sua inevitabilidade. Não temos como reformar, humanizar o capitalismo, nem torná-lo bonzinho. Ele é um sistema cruel e desumano (o capitalismo foi criado para ser desta forma). Temos que desconstruí-lo, e construirmos o Socialismo.
 
Além, dessa contradição do capitalismo, esse sistema é também anárquico, ou seja, os proprietários dos meios de produção e dos capitais, produzem o que querem, como querem, o que dá mais lucros. No Socialismo, a produção econômica é planejada, para se produzir tudo o que todos necessitam, e não se produzir em demasia, para não se desperdiçar os recursos naturais.
 
Outra apresentação da contradição fundamental do Capitalismo é a oposição entre a organização da produção numa fábrica ou empresa em separado, onde o trabalho dos operários é muito bem organizado e subordinado á vontade do seu proprietário; e a anarquia da produção em um país, ou sociedade, o que exclui o desenvolvimento planificado da economia. 
 
Os patrões capitalistas estão sempre em busca de maiores lucros. Para tal, ampliam a produção, melhoram as técnicas de produção, compram novas máquinas, produzem muita mercadoria, para vender muito, e lançam essas mercadorias no mercado, em número cada vez maior.
 
Nesse sentido, temos a lei da tendência da baixa da taxa de lucro, que aparece por causa do aumento do capital constante (máquinas, aumento de salas, matérias primas, etc.). Para compensar essa tendência da taxa de lucro, os empresários começam a ampliar a produção e aumentar a quantidade de mercadorias. Desse modo, percebemos que é inerente ao capitalismo aumentar sempre a capacidade de produção.
 
Mas, com a ampliação também da massa de trabalhadores empobrecidos, a capacidade de gastar dinheiro para comprar mercadorias por parte dos trabalhadores, vai diminuindo. Assim, vemos que o aumento da produção do Sistema Capitalista vai, inevitavelmente, se chocar frente à capacidade de consumo cada vez menor dos trabalhadores. 
 
Ter lucros cada vez maiores, vai entrar em contradição com o aumento da produção, ou seja, a produção aumenta, em função dos interesses lucrativos dos empresários, mas a capacidade de compra dos trabalhadores diminui, às vezes até cessa. 
 
A crise representa o momento em que essa contradição aparece em uma forma aguda de superprodução de mercadorias que não encontram saída. 
 
O CARÁTER CÍCLICO DA REPRODUÇÃO CAPITALISTA
 
As crises capitalistas de superprodução repetem-se com determinados intervalos, de 8 a 12 anos. A inevitabilidade das crises é determinada pelas leis econômicas gerais do modo de produção capitalista, as quais atuam em todos os países que seguem o caminho de desenvolvimento capitalista. Ao mesmo tempo, o curso de cada crise, suas formas de manifestação e particularidades dependem também das condições concretas de desenvolvimento deste ou daquele país.
 
Já no fim do século XVIII e começo do século XIX, ocorreram na Inglaterra crises parciais de superprodução, que atingiram ramos isolados da indústria. A primeira crise industrial, que abarcou a economia do país em seu conjunto, desencadeou-se na Inglaterra em 1825. Em 1836 a crise começou na Inglaterra e depois estendeu-se aos Estados Unidos. A crise de 1847/1848, que abrangeu a Inglaterra, uma série de países do continente europeu e os Estados Unidos, já foi em essência uma crise mundial. A crise de 1857 atingiu os principais países da Europa e da América. Seguiram-se as crises de 1866, 1873, 1882 e 1890. A mais profunda foi a crise de 1873, que assinalou o começo da passagem do capitalismo pré-monopolista para o capitalismo monopolista. No século XX ocorreram crises em 1900/1903 (esta crise começou na Rússia, onde sua ação foi consideravelmente mais forte do que em qualquer outro país), em 1907, em 1920/1921, em 1929/1933, em 1937/1938, e depois da Segunda Guerra Mundial, nos Estados Unidos, em 1948/1949 e em 1953/1954. No fim de 1957, começou nos Estados Unidos uma nova crise. (OSTROVITIANOV, 1959)
 
ESTUDO DA CRISE CAPITALISTA DE 1873
 
A primeira grande crise aconteceu de 1873 a 1896, quando o sistema capitalista viveu um desregulamento, chamado de Grande Depressão, após a segunda fase da Revolução Industrial e suas inovações tecnológicas. A concentração de capitais e a ascensão dos monopólios levaram ao aumento da produção industrial e da industrialização pelo mundo. O enriquecimento de poucos capitalistas industriais ocasionou o empobrecimento de grande parcela da classe trabalhadora. As máquinas passaram a substituir a mão de obra humana. O número de desempregados cresceu acentuadamente; e os salários dos trabalhadores diminuíram. Desempregados e com baixos salários, não há consumidores. Muitos camponeses empobrecidos passaram a migrar para as cidades em busca de melhores condições de vida. Essa crise gerou um descompasso entre a superprodução de mercadorias nas indústrias e uma população de trabalhadores sem poder aquisitivo para consumir essas mercadorias. Ocorreram duas principais conseqüências na economia dos países industrializados: a primeira foi a falência das pequenas e médias empresas e a concentração do capital nas mãos de poucos capitalistas industriais. A segunda conseqüência da depressão foi a busca de mercados consumidores externos, ou seja, fora da Europa, nos continentes ainda não industrializados, como a Ásia e a África, o que deu início ao Neocolonialismo europeu, isto é, à partilha do continente asiático e africano pelas grandes potências industriais no século XIX. Era o avanço da exploração capitalista, da espoliação dos trabalhadores e dos recursos ambientais mundiais. (CARVALHO, 2020)
 
As crises são processos que atravessam a Formação do Capitalismo, em sua dimensão mundial, como podemos observar na avassaladora crise de 1929, e novamente em 1939 e 2008. Essas crises que se repetem são uma expressão de desajustes estruturantes intrínsecos a este sistema. Ou seja, as crises são uma condição estrutural do capitalismo como um sistema econômico. A existência de crises esporádicas seria constituinte de seu modo de ser e se organizar.
 
A CRISE CAPITALISTA DE 1929, E AS SUAS CONSEQUÊNCIAS PARA O MUNDO
 
Com o fim da Primeira Guerra Mundial, 1914-1918, alguns países europeus estavam com suas economias enfraquecidas, enquanto que os Estados Unidos cresciam cada vez mais, lucrando com a exportação de alimentos e produtos industrializados. A produção norte-americana teve um crescimento muito acelerado, principalmente entre os anos de 1918 e 1928. Era um cenário com muitos empregos, preço baixo, elevada produção na agricultura e a expansão do crédito que incentivava o consumismo desenfreado. Porém a Europa começou a se restabelecer, importando cada vez menos dos Estados Unidos. Agora a indústria norte-americana não tinha mais para quem vender a quantidade exacerbada de mercadorias, havendo mais produtos do que procura. Isso levou a diminuição do preço, queda da produção, e aumento do desemprego. Esses fatores provocaram a queda dos lucros e a paralisação do comércio, ocasionando a queda das ações da bolsa de valores, quebrando-a em seguida. A crise de 1929 se deu graças a superprodução, que não estava preparada para a falta de procura, e acabou com todas as mercadorias encalhadas. (JÚNIOR, 2013)
 
Muitos países sofreram com o fechamento de estabelecimentos bancários, comerciais, financeiros e industriais, que resultaram na demissão de milhares de trabalhadores. (JÚNIOR, 2013)
 
No Brasil, a crise atingiu o setor cafeeiro. Os EUA eram os maiores compradores do café brasileiro, e o Brasil passou a ter diminuição de suas exportações. Para que o produto não fosse desvalorizado, o governo brasileiro comprou e queimou toneladas de café, usando-o como combustível nas locomotivas, diminuindo a oferta e mantendo o preço do principal produto do país. (JÚNIOR, 2013)
 
No ano de 1933 os EUA pôs em prática o New Deal, que fazia com que o governo passasse a controlar os preços e a produção das indústrias e fazendas. Assim foi possível controlar a inflação e evitar que houvesse acúmulo de estoques. O Plano também inseria investimentos em obras públicas, como a melhoria das estradas, ferrovias, energia elétrica, entre outros. Era o Estado intervindo na economia na tentativa de evitar a sua desregulação. (JÚNIOR, 2013)
 
Segundo Eduardo Silveira Netto Nunes, Doutor em História Social na Universidade de São Paulo (USP) e professor na Universidade de Passo Fundo, a crise no coração da Bolsa de Valores de New York, em 1929, derivou de um crescimento robusto da produção dos Estados Unidos. A crise estava dando sinais até que “a orgia dos lucros estourou em 24 de outubro de 1929” com a queda de 50% nas cotações da Bolsa de Valores de New York; nos dias que sucederam, o “pânico” tomou conta de acionistas. Na “Quinta-Feira negra”, 29 de outubro, “16,4 milhões de ações foram postas à venda”, e, na falta de compradores, chegaram a perder 80% de seu valor, desencadeando uma série de falências, e perdas de patrimônio de pequenos, médios e grandes investidores. (COGGIOLA, 2009) As consequências foram dramáticas. Nos Estados Unidos, houve redução de 80% na produção de automóveis; entre 1930 e 1933 faliram 106.769 empresas (fora os bancos); o desemprego chegou a 25,2%; a renda nacional caiu de 87,4 bilhões em 1929 para 41,7 bilhões, e a massa salarial de 50 para 30 bilhões. No Mundo, o desemprego de 10 milhões em 1929 atingiu a cifra de 30 milhões, numa época em que os sistemas de seguridade social eram praticamente inexistentes; o comércio mundial desabou reduzindo-se a um terço de seu valor entre 1929 e 1933; a produção industrial caiu em 50% em certos países; as falências bancárias na Europa central não foram comuns, mas a atividade bancária sofreu muito. (NUNES, 2012)
 
É muito importante estudarmos a Crise de 1929 porque muitos estudiosos estão prevendo que a crise atual que estamos vivendo, em 2020, pode ser tão grande como a de 1929. Na crise atual que atravessamos, para termos uma ideia do seu estrago, nos Estados Unidos, a cifra dos desempregados alcançava, no dia 25 de abril de 2020, a cifra de mais de 26 milhões. 
 
‘’26 milhões de norte-americanos entraram com pedidos de auxílio-desemprego em fevereiro e março deste ano. O Escritório de Orçamento do Congresso dos EUA prevê que o desemprego aumentará em 3,8% no primeiro trimestre de 2020, chegará a 14% no segundo trimestre, 16% no terceiro trimestre e cairá para 10,1% até o final de 2021’’. (BRASIL 247, 27/04/2020)
 
Na crise de 2008, nos EUA, alcançou a cifra de 8,8 milhões e meio de trabalhadores desempregados. ‘’A taxa de desemprego dos EUA atingiu em julho a marca sazonalmente ajustada de 5,7 por cento — a maior em quatro anos —, de acordo com números divulgados no dia 1 de agosto pelo Birô de Estatísticas Trabalhistas dos EUA (Bureau of Labor Statistics, BLS, na sigla em inglês). O número de pessoas oficialmente desempregadas alcançou 8,8 milhões, superando em 1,6 milhões o do ano passado’’. (LANTIER, 2008) 
 
QUAIS LIÇÕES QUE TIRAMOS DE TODO ESTE ESTUDO, E DE TODA A OBSERVAÇÃO DA REALIDADE DO MUNDO CAPITALISTA? 
 
Lembramos que o CAPITAL, é uma relação SOCIAL. Ou seja, ele não existe na natureza. É produzido pelos homens, socialmente, por um exército de trabalhadores, em todo o mundo, trabalhando em conjunto, coletivamente. O CAPITAL, que é produzido por milhares de trabalhadores, é apropriado por um punhado de Capitalistas, OU SEJA, TORNA-SE PROPRIEDADE PRIVADA, de pouquíssimos homens que não trabalham, e que acumulam riquezas em cima da exploração do trabalho alheio. A classe dos Capitalistas, se apropriam tanto das riquezas naturais, como terras, águas, minérios, florestas, como se apropriam também da riqueza produzida por milhares de pessoas. Numa escala ascendente, os capitais assim formados e apropriados, vão se acumulando. E assim, se tornam fontes de novas aplicações e investimentos, que por sua vez, vão reproduzir mais Capital, sempre concentrado e acumulado em mãos privadas, que são a classe burguesa, proprietária dos meios de produção de riquezas. o que, na verdade, foi um roubo histórico, mas que é objeto de outro estudo. E, enquanto vivermos nesse regime de exploração, continuaremos, nós trabalhadores, a reproduzir esse infernal modelo de crises, e miséria, para nós, escravos de um capital que nós próprios criamos. Porém, em função de tudo o que foi exposto, essa concentração e acumulação de capitais, em dado momento, entra em crise, como já explicamos, excesso de mercadorias sem saída, se acumulam nos estoques, e vão produzindo o efeito contrário: mercadorias demais, encalhadas, que não são vendidas, passam a emperrar o movimento da circulação e produção de mercadorias, e o sistema entra em crise, como já estudamos. 
 
E A PARTIR DAÍ É QUE ACONTECE UMA GRANDE TRAGÉDIA, BEM MAIOR DO QUE A TRAGÉDIA DE EXPLORAÇÃO DAS CLASSES TRABALHADORAS, tragédia essa já amplamente conhecida por todos nós. Em função da crise, e por causa dela, primeiramente, os trabalhadores perdem seus empregos e caem na miséria, morrem de fome ou se viram através da criminalidade, que passa a aumentar, como forma de sobrevivência. Depois, as pequenas e médias empresas, e até grandes empresas, e bancos vão quebrando, e SENDO ENGOLIDAS POR EMPRESAS MAIORES, que já tem tanto dinheiro (capital) acumulado, que podem comprar as que foram à falência. Nessa sequência, o capital vai se acumulando e se concentrando mais, cada vez mais em poucas mãos, o Capital entra em crise, porque acumulou demais, centralizou demais, e DERRAMA A CRISE SOBRE A POPULAÇÃO, e em especial, sobre os trabalhadores. E essas crises são cada vez mais dramáticas. Garantir que o Capital continue dando LUCROS, custa muito caro às populações. Custa caríssimo, envolvendo inclusive a vida e a morte de milhões de pessoas em todo o mundo. 
 
Para termos uma idéia, obtivemos os dados da OXFAM, que é uma entidade ecumênica, a qual faz, todos os anos, um relatório sobre a desigualdade social. No seu relatório de JANEIRO DE 2020, portanto, antes da Pandemia do Coronavírus. Este relatório diz que existe 2.153 bilionários (DOIS MIL CENTO E CINQUENTA E TRÊS BILIONÁRIOS, EM DÓLARES) no mundo. Essas 2.153 pessoas tem uma riqueza MAIOR do que 4.600.000.000, ou escrito de outra maneira, 4.6 bilhões de pessoas. (OXFAM, 2020) O que é uma situação tremendamente IMPACTANTE, uma loucura, porque nós próprios, trabalhadores, é que permitimos isso com nossa preguiça de estudar, ou medo de lutar. Isso foi sendo feito, apesar das heróicas lutas dos trabalhadores, em todo o mundo, destacando o Primeiro de Maio de 1886, em Chicago, EUA, quando cinco operários foram enforcados unicamente por lutarem pelas oito horas de trabalho por dia, conquista que temos até hoje, mas que a burguesia procura retirar através de mecanismos diabólicos, como horas extras, bancos de horas, por exemplo. Aos poucos, através de uma luta tremenda, com muitas mortes, suores, lágrimas e sangue, a classe operária do mundo inteiro vai conquistando migalhas, penosamente, desde tempos, de maneira muito desigual, de um país para outro. 
 
Foi exatamente por isso que Marx nos alertou: “TRABALHADORES DO MUNDO INTEIRO, UNÍ-VOS”. Desde 1990, que a gente vem falando em crise, mas verdadeiramente, quem entra em crise são os trabalhadores, que nunca conseguem poupar para atravessar esses períodos de quebradeira. As empresas provocam mais desempregos, aumentam a concorrência entre os próprios trabalhadores, criaram e expandiram formas de contratações precarizadas. Recentemente, apareceram os TERCEIRIZADOS (após aprovação da PL 4330/2002) (LEITE, 2015), e os QUATERNALIZADOS (DA SILVA, 2011). Estamos vivendo a informatização, a transformação da mão de obra humana em mão de obra robotizada, controlada por Inteligência Artificial (quarta Revolução Industrial), e a precarização do trabalho. 
 
Foi feita uma CONTRA REFORMA DO ESTADO, de maneira a garantir um fluxo de recursos PÚBLICOS PARA AS CLASSES DOMINANTES, através de modificações (nas leis) no próprio Estado, desqualificando conquistas elaboradas, na Constituição, como as tais PPPs (Parcerias Público Privadas). Assistimos a crise de 2008/9 nos EUA, que compactou o mundo inteiro, com a introdução da chamada Uberização. 
 
Na grande crise Europeia de 2012/2013, tivemos a atuação conjunta, do BANCO MUNDIAL, o BANCO CENTRAL EUROPEU, a mais A PRÓPRIA UNIÃO EUROPEIA, que apertaram a garganta dos países, como Grécia, Itália, Portugal e Espanha, para obrigarem seus governos a imporem às suas populações condições de miséria, para assim garantir o lucro dos setores capitalistas fundamentais. E agora, estamos assistindo essa nova crise, lançando as populações em todo o mundo na miséria e numa vida de terríveis condições de sobrevivência, ao mesmo tempo que há uma aproximação entre Empresários, Partidos Políticos, e o Estado. E, quando tem que garantir o lucro dos Capitais, dane-se a população que vai ficar sem aposentadoria, sem assistência médica, sem Educação, sem água potável, sem isso, sem aquilo, o que representa, para as Classes Dominantes, um PROBLEMA SECUNDÁRIO. O ESTADO oferece algumas esmolas, como se fossem benfeitores, para evitar a explosão de rebeliões, revoltas, criminalidades. Porque, as classes trabalhadoras, devem continuar adestradas e imbecilizadas, a produzirem riquezas, porque sem elas, não haverá CAPITAL. Porém, os Trabalhadores, os quais produzem as riquezas, compartilham, cada vez menos, dessas riquezas. Processo ao qual devem dar, cada vez mais, SUAS VIDAS, SEU SUOR, SEU SANGUE E SEU TRABALHO para garantir a lucratividade do CAPITAL. (Texto escrito com informações retiradas do vídeo ”Crise do coronavírus ou crise do capitalismo?” da Historiadora e Professora Virgínia Fontes) (FONTES, 03/07/2020)
   
CONCLUSÃO
 
Nós, a enorme maioria de pessoas no mundo inteiro, trabalhadores e produtores de CAPITAIS, RIQUEZAS ACUMULADAS EM MÃOS ÁVIDAS, EGOÍSTAS E CRIMINOSAS, temos a tarefa de desconstruir historicamente o CAPITALISMO e construirmos em seu lugar, UMA NOVA SOCIEDADE ONDE NÃO HÁ CRISES, O SOCIALISMO, para que possamos viver do que nós mesmos produzimos, e a EXPLORAÇÃO DO HOMEM PELO HOMEM seja exterminada, para o benefício de toda a humanidade.
 
FRENTE ATIVISTAS DE ESQUERDA BRASIL

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